O DRAGSTER

sábado, 21 de março de 2015

O DRAGSTER

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Conheça abaixo a magia dos Dragsters e porque as corridas de DRAGSTERS são incríveis...
A distância cultural e até o preconceito jogam contra as corridas de Dragsters por aqui. Porém vistas bem de perto, elas se mostram uma das coisas mais inspiradoras sobre rodas. Chuck Squatriglia do Wired.com recentemente falou sobre as Drag Race (Corridas de Arrancadas) e o Top Fuel, o ponto máximo deste esporte; Funny Car e tudo o que envolve este esporte. E aqui juntamente com a matéria feita por ele colocaremos parte de nossa experiência já vivida nestes 23 anos de pistas fazendo para você uma série de esclarecimentos sobre este esporte que só cresce no Brasil.
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Não há nada de sutil nas corridas de Dragsters.
É um esporte de extremos. Da quantidade absurda de combustível consumido aos incríveis números de potência e as indecentes somas de dinheiro gasto apenas na busca da aceleração máxima.
Em nenhum outro lugar isso fica tão óbvio quanto na linha de largada ocupada por dois dragsters top-fuel despejando 8.000 cv cada. Ficar atrás deles é como abrir os portões do inferno. O ar ronca. O chão treme. Uma nuvem de fumaça nociva é jogada sobre você. Os carros raiam ao horizonte como se tivessem sido arremessados do "ALÉM".
Os Top Fuel são o máximo das corridas de Dragsters. Tudo em um Top Fuel acontece em um piscar de olhos. Os melhores pilotos conseguem fazer o 402 metros (1/4 de milha) em cerca de 4,5 segundos. Record atual em 4,428 seg. Eles são submetidos a uma força de mais de 5 Gs (cinco vezes a força da gravidade) e chegam a mais de 535 km/h no final dos 402 metros.
Mais incrível que testemunhar isso, é experimentar isso.

"Não há como descrever de jeito algum", diz Dave Grubnik, piloto de dragster Top Fuel da equipe americana Kalitta Air. "Quando você pisa no acelerador, tudo desaparece imediatamente do seu campo de visão. Simplesmente some. Você vai de zero a 160 km/h instantaneamente". Na realidade isto acontece em aproximadamente 0,6 a 0,8 décimos de segundo.
Para fazer isso, os dragsters produzem quantias insanas de potência e torque. Os números são no mínimo INSANOS.
Ao lado Tony Schumacher, é dele as duas melhores marcas da história da NHRA (organizadora das provas nos EUA). Tony fez 4,428 segundos e 336,15 km/h de velocidade final em 402 metros estas duas marcas são record até hoje para pista de 402 metros (1/4 de milha). Hoje as provas de Top Fuel e Funny Car estão sendo disputadas em 304,80 metros até que todas as pistas estejam adequadas.
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As sementes das corridas de Dragsters americanas foram plantadas na década de 30, nos lagos secos do oeste dos EUA. Mas o esporte como conhecemos não decolou antes do fim da Segunda Guerra. Muita coisa mudou nesses 60 anos desde que a National Hot Rod Association - NHRA realizou sua primeira corrida oficial em um estacionamento, mas o objetivo ainda é o mesmo: chegar ao outro lado da pista o mais rápido possível.
As regras exigem que os Top Fuel e seus primos Funny Cars tenham motores V8 de 8,2 litros baseados no Hemi "Elephant Engine" 426 da Chrysler construído entre 1964 e 1971. Quase tudo nos motores é construído sob medida para atender às exigentes especificações, mas por baixo disso ele ainda é um V-8 com uma árvore de comando centralizada e duas válvulas por cilindro. Eles usam cabeçotes enormes e tudo por aqui é feito para suportar potências IMENSAS.
O bloco do motor e os cabeçotes são usinados a partir de blocos sólidos de alumínio. Não por capricho, mas porque precisam. "É a única forma de fazê-los fortes o bastante, senão eles estouram", disse Grubnik.
Todo motor precisa de três coisas para funcionar: combustível, ar e uma faísca. O motor de um Top Fuel/Funny Car simplemesmente precisa de mais do que isso...muito mais.
O supercharger 14:71 de um Dragster gera 20,5 kg de boost e aspira 90 m³ de ar por minuto em uma corrida. A bomba de combustível (mecânica) move 360 litros por minuto através de um sistema de injeção de fluxo constante. Dois magnetos providenciam as faíscas para o par de velas especiais de cada cilindro.

O resultado é um motor capaz de produzir cerca de 8.000 cv e 829,5 kgfm de torque. Isso é cerca de seis vezes mais que o Bugatti Veyron Super Sport, que é hoje o carro produzido em série mais rápido do mundo.
Veja acima na ilustração pelo detalhe numerado.
1 - Os dois magnetos são usados mais em Top Fuel (nitrometâno) do que no caso do nosso Top Alcohol que usa metanol.
2 - Na entrada do cabeçote você vê dois cabos de vela por cilindro vindos dos magnetos. Isto gera MAIS, MUITO MAIS FAÍSCA.
3 - Aqui temos a bomba de combustível que é mecânica e responsável por alimentar um sistema de queima quase sem FIM.
Ao lado temos o modelo que é chamado de Funny Car que usa a mesma mecânica dos Top Fuel com a diferença de ter um entre- eixos menor e motor dianteiro, o que dificulta muito a dirigibilidade, mais ainda o peso da carenagem e o arrasto aerodinâmico deixam ele alguns décimos mais lento, porém não menos forte.
Aí estão PAI e FILHA. John Force, uma lenda viva e sua filha Ashley Force Hood. Hoje duelam entre si nas mais importantes provas do planeta. Nesta temporada ela está afastada devido a gravidez. MAIS VOLTA LOGO. 
"Em um Dragster Top Fuel/Funny Car é tudo ou nada. Não há meio-termo. É completamente louco."
Esses números são enormes e difíceis de compreender. Tudo o que você precisa saber é que um motor de Top Feul/Funny Car pode mandar um Dragster de 1020 kg do zero aos 190 km/h em 1,3 segundo.
A aceleração de 190 a 300 km/h leva 1,7 segundo. A NHRA afirma que um Dragster é capaz de deixar um caça para trás em uma arrancada. Em dois segundos de corrida o piloto está submetido a uma força cinco vezes maior que a gravidade (5 Gs).
Um Top Fuel não se parece com nada que você chama de automóvel. Claro, eles têm quatro rodas, volante e motor, mas as semelhanças acabam por aqui.
Os carros têm 7,62 metros de comprimento e 300 polegadas entre-eixos conforme estipulado pelas regras. O chassi é feito de tubos de cromo-molibdênio e a carroceria de fibra de carbono. Grubnik diz que a asa traseira do carro gera 2,7 toneladas de downforce a 480 km/h. Estes monstros ultrapassam os 530 km/h facilmente.
Enormes discos de freio de fibra de carbono medindo 14 polegadas junto com um par de páraquedas reduzem a velocidade do carro. Quando o piloto aciona os dois páraquedas, ele é submetido a uma desaceleração 7 vezes maior que a gravidade, no caso 7 Gs negativos. É simplesmente um absurdo tamanha força contra o corpo humano.

"Quando você vê um piloto ofegante no final da corrida, não é por causa do esforço físico para pilotar o carro. É por causa do estresse que o corpo sofre ao ir de 5 Gs para -7 Gs em pouco mais de quatro segundos", diz Jeff Arend, piloto de um Funny Car da Kalitta Motorsports.
Funny Cars usam os mesmos motores que os Top Fuel, mas são carros menores com entre-eixos de 3,17 metros e usam uma bolha em fibra de carbono que imita carros de rua. Ainda que a Toyota nunca tenha construído nada como a bolha Toyota de Arend.
Ao contrário de um piloto de Top Fuel, o cara ao volante de um Funny Car senta-se atrás do motor, fato que somado ao formato da carroceria, faz da visibilidade um desafio. Arend diz que os Funny Cars são ainda mais difíceis de pilotar.

"Eles têm a mesma potência que um Top Fuel, mas são mais curtos", diz Arend. "Um top-fuel tende sempre a andar em linha reta. Um Funny Car tende a fazer qualquer coisa, menos a andar em linha reta."
Os Top Fuel/funny Car são movidos a uma mistura de 90% de nitrometano e 10% de metanol, embora a mistura possa variar dependendo das condições da prova. Qualquer que seja a proporção, o consumo de um Top Fuel seria melhor mensurado em litros por quilômetro.
Um Dragster típico consome em torno de 50 litros de combustível durante o aquecimento, a apresentação e a corrida. O combustível flui através de linhas de 2,5 polegadas a uma pressão entre 400 e 500 psi. A maior parte é desperdiçada pois esses motores não são nada eficientes. "Você precisa de sorte para conseguir 30% de eficiência. 
Estamos jogando 70% do combustível pelo escapamento", diz Grubnik.
É este excesso que faz as labaredas aparecerem nos escapamentos nas provas no final do dia e durante a noite. O nitrometâno disperdiçado explode ao ar causando um visual BRUTAL. CLIQUE AQUI E VEJA A SIMULAÇÃO DE CONSUMO.
Os motores são desmontados e reconstruídos depois de cada largada. Um habilidoso time de sete mecânicos consegue fazer o trabalho em uma hora ou quase, mas se for preciso eles conseguem fazer isso em metade do tempo.
As bielas e pistões de alumínio forjado, junto com as válvulas de escape, velas e discos de embreagem são substituídos depois de cada largada. Todo o resto passa por uma inspeção e é arrancado se houver qualquer dúvida sobre sua integridade ou confiabilidade. Uma vez remontado, o motor recebe 12,3 litros de óleo 70w.
É um empreendimento enorme e é por isso que a Kalitta Motorsports usa cinco caminhões para transportar três carros, sete motores reserva e peças suficientes para construir um carro do nada, se preciso. E a mecânica desses monstros não é nem um pouco elementar. 
Um time de Drag Race é um conjunto que trabalha muito rápido, cada membro tem uma especialidade, enquanto um ou dois desmontam a parte superior do motor, como blower, injeção, cabeçotes, um terceiro tira o cárter e revê toda a parte debaixo do motor. Ainda tem um específico para a embreagem, que é um detalhe importantíssimo em Dragsters. Um mecânico verifica todo o chassi, ver se não há trincas nas soldas ou fissuras, outro cuida de rodas e pneus. É um trabalho orquestrado que envolve a todos inclusive o piloto muitas vezes que é responsável pelos páraquedas, afinal ninguém por lá quer ficar com a responsabilidade dos mesmos não abrirem. O carro na NHRA tem que ficar pronto em um tempo próximo de uma hora, pois pode chegar a hora de largar e por lá ninguém espera. O regulamento é seguido a risca, se não veio pra pista fica de fora. Se for nas eleminatórias então é só carregar o material e esperar por outra prova.
As válvulas de escape são um item de uso único. Normalmente são feitas de ligas de níquel e medem cerca de duas polegadas. As válvulas de admissão são de titânio e medem cerca de 2,5 polegadas.
Os cabeçotes também são retificados depois de cada corrida. Eles são usinados em alumínio, são resfriados por ar e combustível. Os cabeçotes podem chegar a 983 graus Celsius durante a arrancada, e você freqüentemente vai vê-las soltando chamas que é o excesso de nitrometâno.
Um único cilindro de um motor Dragster produz mais potência que um motor da NASCAR completo, e Arend diz que cada cano de escapamento gera entre 115 e 130 quilos de downforce a cada pulso. O escapamento é usado em forma de L para que se aproveite estes pulsos para prender o carro no chão.
É por isso que o carro tomba para um dos lados quando o motor perde um cilindro.
Toda a potência do mundo não significa nada se você não consegue manter o carro no chão. É por isso que o motor é apenas uma parte da equação.
"As pessoas acham que esses carros são apenas um grande motor", diz Jon Oberhofer, um dos chefes de equipe de Arend. "Eles não são. Esses carros são uma grande embreagem".
Os Top Fuel não têm caixa de marchas. Eles usam uma embreagem de múltiplos estágios que usa temporizadores para transmitir a potência gradualmente ao eixo traseiro.
"Aos 2,5 segundos de corrida você já tem potência total e torque máximo", diz Jim Oberhofer, o irmão de Jon. "Você está tentando fazer o carro chegar à marca de um 1/8 de milha o mais rápido possível, porque desta marca até o final a potência começa a cair".
O 1/4 de milha não tem mais um 1/4 desde 2008, quando Scott Kalitta morreu durante a qualificação em Nova Jersey. A NHRA, preocupada com as velocidades que os carros estavam atingindo e o espaço necessário para pará-los, encurtou a pista de 402,3 metros para 304,80 metros na maioria dos eventos.
Os Top Fuel/Funny Car usam pneus traseiros de 17 polegadas que são descartados depois de quatro a seis largadas. Isso representa uma vida útil entre 3 e 7 km.
Se algo pode ser medido no carro, será medido. Da pressão do combustível e temperatura do cilindro à pressão da embreagem e condições atmosféricas, tudo é gravado, rastreado e impresso em um gráfico.
"O gravador de dados registra tudo o que o carro fez", diz Grubnik (na foto). "É como a caixa preta de um avião".
Toda a informação é analisada em uma campanha implacável para cortar qualquer milésimo de segundo do tempo do carro. Até mesmo as condições climáticas são analisadas minuciosamente para determinar a taxa de compressão ideal, o volume de combustível e outros fatores.
"Usamos um pouco o Excel", diz Jon Oberhoffer.
Com 7,62 metros de comprimento e uma distância entre eixos de 300 polegadas, o Dragster Kalitta Air não é algo que consegue fazer muitas curvas.
Isto para os Top Fuel e também para Top Alcohol como o nosso é uma grande dificuldade. Além do peso do arrasto dos pneus traseiros.
A corrida é muitas vezes vencida ou perdida no começo da pista, e não no final. O tempo de reação é tudo. O processo começa com um burnout, onde os pilotos "queimam" seus pneus ensopados de água para limpá-los e aquecê-los para melhorar a tração.
Os pilotos alinham-se ao lado do que sempre chamamos de "árvore de natal", que usa luzes âmbar para indicar a contagem regressiva para a luz verde que inicia a corrida.
"Assim que vemos a luz âmbar, aceleramos", diz Grubnik.
Os melhores pilotos precisam de menos de 0,05 segundo para reagir quando a luz fica verde. O melhor tempo de reação de Grubnik foi 0,068. Seu colega de equipe, Doug Kalitta, é um pouco mais rápido, com 0,062.
A família Kalitta já tem uma imensa história nas pistas. Connie Kalitta que junto com "Chá Chá Muldowney" fizeram história nos anos 70 e 80 trouxe seus filhos Scott (in memorian) e Doug Kalitta para o meio mais rápido do mundo. As provas da NHRA.

Em breve aqui vocês poderam ver a história de "Chá Chá"...
Quando as luzes ficam verdes, a única coisa a fazer é acelerar e tentar manter o carro em linha reta...o que não é nada fácil.
"É puro instinto", diz Grubnik. "Tudo o que o piloto é manter no traçado".
O "traçado" são as trilhas de borracha deixadas pelos carros da corrida anterior e também do próprio bournout na área de largada. A tração é melhor lá, por isso os pilotos tentam seguir a mesma linha, e se você chegou até aqui, já sabe que isso não é nada fácil. 

Grubnik está nas pistas desde que era um garoto de 16 anos em Brisbane, na Austrália. Ele começou correndo com um Ford Falcon antes mesmo de ter carteira de motorista.
Ele recorda ver os Funny Cars movidos a nitro. Achava a coisa mais legal do mundo.
"O que me atraía era a potência, o barulho, as chamas. Era como uma injeção, fui fisgado. Disse a mim mesmo que um dia pilotaria um Top Fuel".
Nos EUA a NHRA já está completando 60 anos na realização das provas de Arrancada / Drag Race.
Ao lado vocês podem ver uma pista completamente lotada pelo público. A direita as dezenas de caminhões das equipes que servem de OFICINA para seus carros. Não é possível ter boxes para todas as equipes, então cada um tem seu caminhão e nele tem tudo o que precisa. Como lemos acima as grandes equipes chegam a levar 5 caminhões para a pista entre peças reserva, motores, chassi e carenagens, pneus e tudo mais o que precisa para montar um Top Fuel ou um Funny Car a partir do zero.
Num evento oficial da NHRA chegam a ter 800 pilotos inscritos para o final de semana.
Os carros são montados e desmontados tantas vezes quantas o piloto avançar na classificação.

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